Presenteísmo: significado, diferença para absenteísmo, como evitar

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Presenteísmo. Talvez você não conheça este problema pelo nome, mas certamente já o viu no ambiente profissional. Sabe aquele colega que fisicamente está no trabalho, mas, por alguma razão, não realiza o que a organização espera dele? É disso que estamos falando.

O presenteísmo ocorre quando profissionais que estão doentes ou cansados vão trabalhar e têm um baixo desempenho por causa disso. Além de afetar a qualidade do trabalho e a produtividade, isso amplia o risco da pessoa desenvolver problemas de saúde.

Isso é particularmente alto, por exemplo, entre grupos que sofrem muito estresse, como enfermeiros. Mesmo que o funcionário esteja fisicamente no trabalho, ele pode não ser capaz de desempenhar plenamente suas funções e é mais provável que cometa erros.

O que é presenteísmo?

O debate sobre presenteísmo pode ser considerado algo relativamente novo. O termo foi mencionado pela primeira vez em um estudo ainda em 1970. Mas uma rápida pesquisa indica que apenas 250 artigos foram publicados sobre o assunto até o ano 2000.

A criação do conceito costuma ser creditada a Cary Cooper, professor de psicologia organizacional e saúde na Manchester Business School. O pesquisador ficou famoso ao definir a condição no ambiente de trabalho, em um estudo publicado em 1996.

Como Cooper define o problema? É “estar no trabalho quando deveria estar em casa, seja porque está doente ou porque está trabalhando tantas horas que não é mais eficaz”. Ou seja, é a combinação de presença física e incapacidade funcional no local de trabalho.

Se durante anos, a questão não despertou a devida atenção, mais recentemente isso mudou bastante. É o que pode ser observado a partir da produção acadêmica sobre o tema. Apenas em 2019, foram mais de 3000 artigos mencionando o tópico. 

No ambiente profissional, porém, muitas vezes a situação ainda é pouco discutida. Apesar disso, ela é considerada comum na maioria dos locais de trabalho. Com muita frequência funcionários vão para a empresa, mesmo que estejam se sentindo mal.

Isso vale para dores físicas, emocionais ou quando a pessoa está passando por alguma situação estressante que afeta sua capacidade de concentração. Nessas situações, os colaboradores estão tentando trabalhar apesar de seu problema específico.

E o resultado é um dia de trabalho menos produtivo do que aquela pessoa costuma desempenhar. Como o colaborador está presente e trabalhando, é difícil para um gerente ver a diferença de produtividade tão claramente quanto quando um funcionário se ausenta.

Qual a diferença entre absenteísmo e presenteísmo?

Presenteísmo não deve ser confundido com absenteísmo. O primeiro ocorre quando alguém vai trabalhar mesmo não estando 100% saudável. Isso reduz sua produtividade. Absenteísmo é uma ausência não planejada devido a doença ou outras causas.

O absenteísmo é sem dúvida um pouco mais simples de quantificar. Afinal, é fácil ver quando os funcionários não estão no trabalho devido a circunstâncias não planejadas. Isso vale para doenças, mortes na família, problemas em casa e muitos outros motivos.

As taxas de absenteísmo tendem a aumentar quanto mais desengajados estão os colaboradores. O presenteísmo é muito mais difícil de quantificar. Os funcionários vêm trabalhar e estão fisicamente lá, mas uma vez no escritório, não são produtivos.

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Quais são as características do presenteísmo no comportamento do colaborador?

O presenteísmo costuma ocorrer quando funcionários sofrem com cargas de trabalho pesadas ou não se sentem seguros no trabalho. Uma boa gestão e a promoção do bem-estar no trabalho são formas de combater o problema no ambiente profissional.

Vimos uma definição de presenteísmo, mas, com o tempo, o termo desenvolveu um outro significado distinto, mas interrelacionado ao ato de trabalhar mesmo doente. Seria a pressão para “desempenhar” seu trabalho passando longas horas no escritório ou online.

Para isso, o profissional, esteja onde estiver, agenda diversas reuniões e envia muitos e-mails ou mensagens instantâneas. Cada compreensão do termo tem seu próprio conjunto de sintomas e requer diferentes estratégias de atenção e combate pelas organizações. 

As duas versões do problema, porém, são sustentadas pelas mesmas suposições falhas da administração. A de que a pessoa que parece estar trabalhando mais é a que está fazendo o melhor trabalho. Estar presente fisicamente não é sinônimo de produtividade.

Exemplos de colaboradores que apresentam presenteísmo

Em geral, quem se enquadra no presenteísmo apresenta certas características. Uma delas é ir trabalhar mesmo quando se está doente ou minimizar um problema de saúde. Outra é trabalhar numa carga horária extremamente longa, muito além da que foi contratada.

Outros profissionais costumam chegar cedo ou ficar até tarde na empresa, o que independe da carga de trabalho. Quando um funcionário realiza essas ações, pode ser um sinal de alerta muito alto e claro de que algo está errado, seja no trabalho ou em casa.

Portanto, as organizações devem verificar seus níveis de motivação e ver se podem intervir antes que as coisas fiquem ruins. O desafio é que nem sempre é fácil saber quando um funcionário está simplesmente fazendo seu trabalho ou quando está trabalhando demais. 

É ainda mais difícil identificar isso quando os funcionários não têm linhas de comunicação abertas com seus gerentes ou trabalham remotamente. Um dos poucos pontos positivos que surgiram da pandemia é ter mais flexibilidade sobre onde e quando trabalhar. 

No entanto, em vez de aproveitar esta oportunidade para desfrutar de um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, muitos adotam ou desenvolvem maus hábitos. Entre eles está a atualização moderna do problema, o chamado presenteísmo digital.

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Importância das empresas compreenderem o fenômeno do presenteísmo no trabalho

Nos últimos anos, o presenteísmo tem recebido mais atenção das organizações. Isso é valioso, pois, são muitos os efeitos dele. Se a princípio o funcionário que não se ausenta mesmo doente pode parecer dedicado, na verdade isso causa queda na produtividade.

Um colaborador que está na empresa doente ou trabalha por longas horas pode parecer estar comprometimento com o trabalho. Porém, alguém doente não pode realizar todo o seu potencial. Portanto, seria melhor ele estar cuidando da própria saúde.

Já um funcionário que trabalha por longas horas e não faz pausas suficientes pode sofrer de esgotamento. Tudo isso reduz significativamente a produtividade. Tais profissionais também são mais propensos a cometer erros, o que pode custar muito para a organização.

Além disso, se uma pessoa com uma doença infecciosa, como gripe e resfriado, se apresentar ao trabalho, pode infectar os outros. Isso tem o potencial de gerar absenteísmo e redução da produtividade em geral. Em vez de um problema, a empresa teria muitos.

É importante ainda considerar a ligação entre o problema e a saúde mental. Trabalhar com boa saúde e mantê-la é essencial. Caso contrário, ir para a empresa doente pode levar à depressão, ansiedade, estresse e outras condições de saúde mental.

Também parece improvável que quem está se sentindo estressado, sobrecarregado e exausto se sinta motivado no trabalho. A perda de moral também pode ter um efeito dominó e passar para outros funcionários, podendo levar a um ambiente de trabalho tóxico.

Além de economizar dinheiro a curto e longo prazo, gerenciar o problema pode eliminar impactos nos negócios. Com isso, a organização poderá desenvolver uma força de trabalho envolvente e saudável. Presenteísmo e produtividade andam de mãos dadas.

Se os funcionários tiram folga quando precisam, isso economiza grandes custos para as empresas a longo prazo. Essa mudança pode não significar muito em um único funcionário. Mas em toda a força de trabalho, isso certamente faz uma grande diferença. 

Reduzir o presenteísmo mantém altos os níveis de produtividade no local de trabalho, o que economizará tempo e dinheiro a longo prazo. É por isso que é importante identificar os sinais e tomar medidas para garantir que isso não se torne um problema na organização.

Qual o impacto do presenteísmo para a empresa?

Como é possível mensurar o “tamanho” desse problema no ambiente profissional? Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) buscaram respostas para isso ao estudar o problema entre trabalhadores de uma indústria do setor alimentício. 

Feita com 1.224 trabalhadores, a pesquisa indicou que 30,6% deles haviam apresentado algum comportamento presenteísta nos 12 meses anteriores ao levantamento. Além disso, o estudo apontou que 50,9% dos participantes poderiam ser considerados presenteístas.

Como identificar o presenteísmo?

Não é tão fácil detectar o presenteísmo. Mas os gestores devem ficar atentos a quem vem trabalhar estando doente ou sempre extrapola sua carga horária. Reconhecer o problema exige que os líderes identifiquem e previnam antes que ele fuja ao controle.

No entanto, uma vez identificados os sinais de que um funcionário provavelmente apresenta o problema, é importante rastrear a situação. Se a pessoa está doente, por exemplo, não deve estar em sua mesa de trabalho, mas em casa, se recuperando.

Como calcular o presenteísmo?

Pesquisas sobre o tema nos EUA sugerem que o problema custa mais de 150 bilhões de dólares anualmente às organizações. De acordo com especialistas, supostamente isso seria mais do que o custo das empresas com o absenteísmo.

Isso foi confirmado em um levantamento feito em uma indústria química norte-americana em 2005. Ao estudar sobre incapacidade e ausência no trabalho, pesquisadores constataram que o impacto delas era de 10,7% do custo de mão de obra. 

Deste valor, 6,8% foi atribuído ao custo do presenteísmo e 1% ao absenteísmo. Portanto, identificar o nível do problema é de grande valor para as organizações. Em geral, o recurso mais usado para medir o problema é a Escala de Presenteísmo de Stanford (SPS-6).

A ferramenta assume que o funcionário tem um problema de saúde. A partir daí, tenta avaliar o grau em que isso afeta a conclusão do trabalho e o foco do funcionário. Ela pode ser usada para calcular o impacto no desempenho de diferentes categorias na organização. 

Assim, intervenções direcionadas aos grupos mais afetados pela situação serão mais eficazes e econômicas. Isso é importante, afinal o problema também pode ter um impacto negativo na reputação se a empresa for vista como exigente e pouco solidária.

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Motivos mais frequentes que costumam causar o presenteísmo

O presenteísmo pode ter vários motivos. A boa notícia é que muitos dos problemas de saúde que o causam são relativamente benignos. Afinal, se as razões forem de natureza médica grave, o empregado não teria outra escolha e ficaria em casa.

Uma forma de presenteísmo é a falta de sono. Após uma noite bebendo com um amigo e apenas algumas horas de sono, a produtividade será afetada pela ressaca e falta de descanso. Você se esforça para prestar atenção, mas precisa mesmo é de um cochilo.

Colaborador doente

Outras vezes, existem causas mais graves para o problema. Isso inclui condições como diabetes, alergias, artrite, asma, dores nas costas ou no pescoço, enxaquecas e assim por diante. Dentre esses problemas, um tem se destacado: a depressão.

Segundo dados dos EUA, de 6 a 7% dos trabalhadores do país sofreram depressão grave em um ano. O ônus disso foi estimado em 210,5 bilhões por ano. Para comparar, para cada dólar gasto em tratamento, foi gasto 1,55 dólar no custo do local de trabalho.

Problemas da vida particular do colaborador

Um colaborador que está sobrecarregado com problemas emocionais em casa pode ter dificuldades para priorizar e manter o foco no trabalho. O funcionário pode precisar de assistência extra para definir prioridades, manter-se concentrado e lidar com obstáculos.

Falta de motivação com a atividade desempenhada

Estar realmente motivado com as tarefas a serem realizadas faz toda a diferença na produtividade dos colaboradores. O contrário também é verdadeiro. É impossível uma pessoa manter uma alta produtividade se não sentir motivação genuína com o seu trabalho.

Estudos indicam que colaboradores engajados não só aparecem na empresa, mas também trabalham mais. Uma pesquisa da Gallup indicou uma redução de 41% no absenteísmo e um aumento de 17% na produtividade entre empresas altamente engajadas.

Excesso de demanda e impossibilidade de seu cumprimento

Líderes e colaboradores precisam ser capazes de identificar, eliminar, reduzir ou gerenciar demandas excessivas no ambiente de trabalho. É preciso garantir que as demandas sejam “toleráveis” para os funcionários e isso é importante também para as organizações.

O esforço extra exigido para trabalhar em um ambiente com demandas excessivas por longos períodos pode resultar em tensão, exaustão e esgotamento. Trata-se, portanto, da receita certa para o presenteísmo e para a queda de produtividade dos colaboradores.

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Como evitar o presenteísmo?

Para acabar com o presenteísmo é preciso criar a cultura certa na organização. Se os funcionários souberem que não há problema em descansar quando estiverem doentes, eles não aparecerão no trabalho só para mostrar a cara. Mas é preciso haver conscientização.

Se eles forem ativamente desencorajados a trabalhar quando estiverem doentes, melhor ainda. Abandone a “cultura do herói”. Aquela em que os colaboradores vêm trabalhar, não importa o quão doentes ou exaustos estejam, e são elogiados por isso.

Ter conversas individuais com os funcionários sobre presenteísmo e bem-estar pode incentivá-los a falar sobre como estão se saindo. Com isso, a liderança também permite que seus colaboradores façam parte de uma mudança positiva para a organização.

Olhar humanizado para a rotina dos colaboradores

Não há trabalho tão importante que alguém deva sacrificar seu bem-estar. Também não há empregador que se beneficie de funcionários que trabalhem doentes ou exaustos. Estar atento e aprimorar a rotina colocando o ser humano em primeiro lugar faz toda a diferença.

Investir na qualidade de vida dos colaboradores

Lembre-se de que o bem-estar dos funcionários no ambiente profissional não é afetado apenas por fatores relacionados ao trabalho. A vida pessoal e saúde impactam em como eles desempenham suas atribuições. O equilíbrio disso trará ganhos para a organização.

Estimular a comunicação interna de forma aberta e transparente

A franqueza e a honestidade devem ser uma parte fundamental da cultura da organização. Se os funcionários se sentirem à vontade para avisar quando as coisas estiverem difíceis em casa é provável que o problemas diminuam. Busque a comunicação de qualidade.

Cultivar um bom clima organizacional

A cultura organizacional deve permitir que cada funcionário cuide de seu bem-estar e desempenho em todos os dias de trabalho. Uma cultura que, por exemplo, não permite pausas suficientes ou não incentiva folgas pode ser desgastante. Não é bom para ninguém.

Manter a equipe de trabalho motivada

Pode ser útil criar iniciativas que estimulem o senso de colaboração em equipe. Há coisas que a empresa pode fazer para manter a motivação alta. Proporcione a eles um local agradável para trabalhar, por exemplo, ou ofereça oportunidades de autodesenvolvimento.

Definição clara das responsabilidades de cada colaborador na empresa

São os resultados que importam e não o tempo que uma pessoa fica sentada em sua mesa para fazer o trabalho. Incentivar o comportamento correto e focar nos resultados que importam desencoraja o presenteísmo. Se cada um souber o que deve fazer, melhor ainda.

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Conclusão

O presenteísmo é causado principalmente por problemas de saúde que permitem que uma pessoa vá trabalhar, mas a impedem de trabalhar 100%. A lista inclui alergias, artrite, asma, dor nas costas ou no pescoço, depressão, diabetes, pressão alta, enxaquecas e muito mais.

Embora a questão tenha ganho exposição mais recentemente, aparecer no trabalho, mas não ser totalmente produtivo é algo muito comum. Para evitar o problema é preciso Identificar sua prevalência e calcular perdas de produtividade na organização.

Com isso verificado é hora de criar soluções para cada uma das condições que causam presenteísmo. Reduzi-lo manterá altos os níveis de produtividade no local de trabalho. Isso economizará tempo e dinheiro a longo prazo. Alguém trabalhando doente é algo muito ruim.

É por isso que é importante identificar os sinais e tomar medidas para garantir que isso não se torne uma questão maior. Estar atento e manter-se vigilante pode ser a chave para reduzir o problema. Os gerentes devem mandar para casa funcionários doentes.

Isso ajuda a espalhar a mensagem para esse colaborador e outros de que qualquer pessoa que se sinta mal não deve trabalhar. Quando uma força de trabalho está presente emocional e fisicamente, a produtividade só pode aumentar como resultado.

Com políticas corretas, a organização pode incentivar um local de trabalho onde o bem-estar físico e mental seja levado a sério. Como resultado, as pessoas terão folga quando precisarem, sem medo de serem julgadas ou criticadas.

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